Tiago Neves
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Hibridos! Porquê cria-los???

É uma questão que muitas vezes me passa pela cabeça "Porquê criar hibridos"? :?

Mas até agora não consegui arranjar uma boa razão para tal se fazer... :roll:


Qual a finalidade deste tipo de criação?
CARDUELIS-CIOM
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Olá Neves, tudo depende do tipo de hibridação a que se refere, mas dou-lhe os dois motivos mais usuais, um hibrido de pintassilgo X canária (o mais usual) costuma ser uma ave excelente cantora e com um poder de aprendizagem diverso, logo é procurado pelo seu bom canto que pode ser diverso consoante o que aprendeu, passa grande parte do dia a cantar!
O segundo exemplo ou motivo prende-se com genética mais concretamente com a passagem de algo duma especie para outra, todos os canários de factor vermelho herderam tal coloração a partir do cruzamento de cardinalito da venezuela (carduelis cucullata) com canária!
É um tema muito vasto e util dependendo do que se quer obter!
Cumprimentos Luis Mota
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sergiofrpe
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Re: Hibridos! Porquê cria-los???

Tiago Neves Escreveu:É uma questão que muitas vezes me passa pela cabeça "Porquê criar hibridos"? :?

Mas até agora não consegui arranjar uma boa razão para tal se fazer... :roll:


Qual a finalidade deste tipo de criação?
Também não sou grande apologistas de hibridos mas há que reconhecer, pelo menos, um caso de grande sucesso: os Bengalins do Japão. Esta ave é não mais que o resultado de sucessivos cruzamentos de três tipos de Lonchuras. Foi um hibrido que se tornou bastante viável principalmente a nível reprodutivo.

Esta permissa não permite concluir que todos os hibridos são viváveis, mas há casos de sucesso sobretudo se forem feitos por quem sabe o que está a fazer.
Tiago Neves
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Bem! Visto assim por esse ponto, até é justificavel.
Mas pessoas que criam hibridos só por criar, não estão a fazer nada de produtivo e inda por mais estão a destruir o patrimonio genectico das especies, como acontece no caso dos agapornis. :?
chardo
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:o Ola a todos , sobre os hibridos pintassilgo / canaria o Luis Mota ja descreveu o potencial do canto dessa ave ,
mas nao podemos esqecer
a beleza !!! o canto e a beleza é tudo numa ave !!! penso eu ..... :)
Para mim este hibrido é um sucesso por ter as 2 qualidades mais procuradas numa ave !!! penso eu ..... :)

Cordialmente S.Correia
chardo 92
xef
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Não considero a criação de hibridos de que resultem aves estéreis proprismente mau. É uma forma de ter aves diferentes que não existiriam de outra forma.

Mas em casos como os agapornis, é muito perigoso. Corre-se o risco de estragar as especies existentes ao usar hibridos sem nenhum cuidado.

Cumprimentos,
serpico
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hibridos =dinheiro

No fundo é o dinheiro
Um hibrido de canário com pintassilgo pode valer muito dinheiro. A maior parte dos ditos aficionados por aquilo que observo é o dinheiro que os faz mover, infelizmente!
É esta a verdade nua e crua.
Tiago Neves
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De facto hibridos estéreis não são muito preocupantes, pois como não se podem reproduzir não podem continuar a contaminar os patrimonios genecticos das especies.

O que me preocupa são os hibridos ferteis como por exemplo os dos agapornis e das roselas que são vendidos como aves "puras" a criadores pouco experientes que os criam sem saber o "mal" que estão a fazer! :roll:
markos
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Na própria natraleza se dão casos de hibridações cujo resultado se tomam como uma nova espécie independente. Deu-se por exemplo o caso do Platycercus adelaide, que é uma hibridação natural do P. elegans e o P. flaveolus, e da Psittacula intermédia, constituída de forma natural entre um cruzamento de P. himalayana x P. cyanocephala.

Pode que tenha mas exemplos, e seguro que teria mas ainda se espécies parecidas tivessem um área de distribuição que se solapara na natureza.

Em cautividad deveríamos tentar não fazer determinadas hibridações, sobretudo as que não fazem sentido como o Agapornis personata x Agapornis nigrigenis por exemplo. Mas eu se vejo bom o fazer outro tipo de hibridações nas que se potencie o canto para aves que são destinadas a isso, ao canto. Ou por exemplo o Ara catalina, um exemplar impressionante... Deveria evitar-se fazer emparejamientos de aves em CITES I
Manuel M.
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Boas

Amigo Serpico Você diz que no fundo é o dinheiro,não estou de acordo com sigo.
Eu criei Híbridos e nunca ganhei dinheiro com eles,sabe porque :?: ,porque sempre os ofereci.

Criar Híbridos de fauna Europeia é fácil, mas não é para qualquer um , é um gosto diferente de criar e depois é entrar num apuramento de uma nova raça de pássaros.

Esta é a minha opinião.

Cmp.
Manuel Marinho.
João Pedro
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De acordo amigo manuel marinho!

abraço
eduest
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viva! Nunca fui fmuito de criaçao de hibridos, até que me interessei no que daria o cruzamente de uma amadina (amadina erythrochephala) e um degolado (amadina fasciata). Sao geneticamente proximos, no entanto fisicamente sao um pouco diferentes. Andei a pesquisar e, verdade seja dita, nao ha ninguem portugues (ou pelo menos foi a ideia que me ficou) que ja tivesse conseguido. POr sorte encontrei um contacto na net de um criador belga que me deu umas informações, que eu gostaria de expor aqui para todos vos.

disse que ja havia em tempos feito criaçõa de "DEGOLADINAS" (COMO EU LHE CHAMO), com o intuito de aumentar o porte dos degolados ou aumentar a intensidade da coloração vermelha das aves. Visto serem aves (as degoladinas) ferteis !!!!!!!!! foi coisa que conseguiu facilmente e rapidamente.
Com tudo isto, refere que apos uns 3 anos, todo o plantel de amadinas e degolados estavam "praticamente inalterados geneticamente", a unica diferença era mesmo só o numero de premios que tinha aumentado exponencialmente.

Agora digo eu: vale a pena? eu penso que desde que o objectivo inicial da hibridação seja atingido, o criador tambem deve ter o bom-senso de parar, nao correndo assim o risco de alterar drasticamente os genes de toda uma especie!
CARDUELIS-CIOM
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Re: hibridos =dinheiro

serpico Escreveu:No fundo é o dinheiro
Um hibrido de canário com pintassilgo pode valer muito dinheiro. A maior parte dos ditos aficionados por aquilo que observo é o dinheiro que os faz mover, infelizmente!
É esta a verdade nua e crua.
Caro "serpico" o seu comentário relativo a hibridos entre fringilídeos é muito básico e despropositádo, um hibrido de pintassilgo x canária serve unicamente para canto e ornamento (beleza) ou para madrastas no caso de serem fêmeas visto serem estéreis e não darem para mais nada, quem os adquire paga o valor e importancia que lhe dá, obviamente para quem vende é sempre barato e para quem compra é sempre caro :wink: !

Embora este tópico tenha sido aberto com o pensamento e vertente dos PSITACIDEOS, onde esta práctica dos hibridos é controversa e acredito que em muitos casos negativa como já exemplos foram dados, assim não o acontece no campo dos FRINGILÍDEOS, visto ser uma ferramenta quando usada com conhecimentos genéticos bem aplicados resultar no apuramento de mutações bem conseguidas que são perpetuadas e muito apreciadas!

Dá-me vontade de dizer para com os meus botões sem me dirigir a ninguem "Quem não sabe é como quem não vê" :lol:
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Tiago Neves
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Re: hibridos =dinheiro

CARDUELIS-CIOM Escreveu:
serpico Escreveu:No fundo é o dinheiro
Um hibrido de canário com pintassilgo pode valer muito dinheiro. A maior parte dos ditos aficionados por aquilo que observo é o dinheiro que os faz mover, infelizmente!
É esta a verdade nua e crua.
Caro "serpico" o seu comentário relativo a hibridos entre fringilídeos é muito básico e despropositádo, um hibrido de pintassilgo x canária serve unicamente para canto e ornamento (beleza) ou para madrastas no caso de serem fêmeas visto serem estéreis e não darem para mais nada, quem os adquire paga o valor e importancia que lhe dá, obviamente para quem vende é sempre barato e para quem compra é sempre caro :wink: !

Embora este tópico tenha sido aberto com o pensamento e vertente dos PSITACIDEOS, onde esta práctica dos hibridos é controversa e acredito que em muitos casos negativa como já exemplos foram dados, assim não o acontece no campo dos FRINGILÍDEOS, visto ser uma ferramenta quando usada com conhecimentos genéticos bem aplicados resultar no apuramento de mutações bem conseguidas que são perpetuadas e muito apreciadas!

Dá-me vontade de dizer para com os meus botões sem me dirigir a ninguem "Quem não sabe é como quem não vê" :lol:
Sim! Eu quando abri este topico éra mais na vertente dos psitacideos.
Mas pelos visto o grande foco da questão são a fauna europeia e os exoticos... :lol:
De qualquer forma esclareceram-me o porquê de se criar hibridos.
Só tenho pena de ninguem ter falado de hibridos nos psitacideos, que éra de facto o que eu pretendia. :?
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Zé Carlos Ferreira
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O hibridismo nas aves é uma prática corrente há já alguns séculos, e as razões então encontradas para o fazer terão sido tão simples como o desconhecimento, a curiosidade ou o acaso.

Uso o termo híbrido no seu sentido lato; na verdade poderia usar:
- híbrido como o resultado do cruzamento entre duas variedades da mesma espécie
- mestiço como o cruzamento entre duas espécies diferentes.
Os híbridos podem ser:
- férteis (cruzamento “Carduelis atrata” x “Carduelis cucullata” dá machos e fêmeas férteis em 100%)
- estéreis (“Carduelis atrata” x “Carduelis carduelis” dá machos e fêmeas estéreis)
- semi-férteis ou parcialmente fecundos (“Carduelis atrata” x “Carduelis spinus” dá 100% de machos férteis e 50% das fêmeas férteis) (“Carduelis atrata” x “Serinus canaria” dá machos férteis apenas em 10% e fêmeas estéreis)

As causas de esterilidade e o grau de fertilidade depende:
- acima de tudo do grau de proximidade filogenética das espécies
- do número de cromossomas dos mesmos (aves com genoma muito diferente poderão nem ter filhos por impossibilidade de formação do zigoto, morte embrionária, combinação de genes não viáveis)
- das espécies em si (diferenças importantes entre o ph do esperma do macho e do oviduto da fêmea podem ser causa de esterilidade)
- do sexo dos pais (por exemplo o cruzamento de macho Canário com fêmea Cardinalito da Venezuela dá mais filhos férteis que o contrário)
- incompatibilidade no comportamento reprodutor
- etc..

Transmutação: passagem de um caracter hereditário de uma espécie / raça para outra.


Estes são conceitos científicos. Mas o que o Tiago questiona é o porquê ou a necessidade dos híbridos.
Aquilo que eu vou questionar é a licissitude dos híbridos!
Ou seja aquilo que vou defender é que pode ser útil se feito por quem sabe, e só por quem sabe. Eu não sei!

A palavra BIODIVERSIDADE pode ser a palavra-chave na questão da licissitude do hibridismo.
Estas foram frases soltas que encontrei na ‘net’ sobre biodiversidade: “a variedade e a variabilidade existente entre os organismos vivos e as complexidades ecológicas nas quais elas ocorrem” ... “Refere-se à variedade de vida no planeta Terra, incluindo a variedade genética dentro das populações e espécies” ... “A espécie humana depende da Biodiversidade para a sua sobrevivência.”
O hibridismo afecta em muito a biodiversidade porque ao cruzarmos duas aves de espécies (ou raças) diferentes estamos, entre outras coisas:
1- a passar caracteres de uma espécie para outra; e não passamos só a cor da pena!!! Há centenas de outros genes que transmutamos sem saber e que não têm expessão fenótipica, não se vêem. Ao passarmos o factor azul do personatus (que existe desde 1927) para o fischeri (em 1990) passamos muitos outros caracteres que nem sequer fazemos ideia que existem por estes não terem expressão visível (ex: gene que regula a libertação de insulina, gene que regula o ciclo da glicose 6-fosfato desidrogenase, todos os genes que regulam a defesa imunológica, etc., etc., etc.. Estamos a fazer contaminação do património genético e a afectar a integridade do mesmo. Ao uniformizarmos os genes de duas espécies estamos a acabar com a diversidade genética!!!
2- a acabar com a biodiversidade das espécies!!! E o conceito é simples: ao tornarmos duas espécies mais iguais ou menos diferentes, diminuimos a sua diversidade enquanto espécie. Certo? Este fim-de-semana na “VI Grande Mostra De Aves da Associação Ornitófila do Reguengo” tivemos uma ave identificada como Agapornis fischeri mutação azul pastel que tinha a rabadilha violeta (própria da mesma espécie) e a fronte preta/cinzenta (própria do Agapornis personatus): não era nem um fischeri nem um personatus! Nem outra coisa qualquer! Era um híbrido. E o pior é que havia mais híbridos!!!

Estas são as duas razões pelas quais não uso híbridos!

Como dizia o Luis Mota há duas boas razões para os híbridos:
- o macho mestiço pintassilgo x canária
- o canário vermelho
E eu concordo!
Diria o “sergiofrpe” que o bengalim do Japão (é uma terceira boa razão para a existência dos híbridos. E eu também me congratulo com a mesma!
Mas não são as únicas boas razões, existem mais:
- o canário arlequim protuguês
- a introdução de mutações dos canários (ino, pastel, isabel, etc.) noutros fringilídeos (verdelhão, pintassilgo, tentilhão, lugre, etc.)
- a transmutação do factor azul do personatus para o fischeri (1990)
- a transmutação do ino NSL do liliane (1936) para o personatus e deste para o fischeri e nigrigenis
- as transmutações nos loris arco iris
- etc., etc.
São todas boas razões, pois são!
Mas como é que se faz uma transmutação? Vocês sabem?
Ouviram falar de gerações F1, R1, R2, R3, R4?
Por melhor que eu conheça este esquema de transmutar provavelmente nunca o utilizarei, por entender que por tudo o que disse deve ser deixado a quem o saiba fazer de forma tecnicamente melhor. No caso dos cereais a transmutação é feita para fins de produção alimentar em laboratório, por quem sabe, e nós criticamos. Os riscos de afectar a biodiversidade são imensos sempre que esta técnica seja mal utilizada.
Este será o caso do Agapornis nigrigenis? Foram importados da natureza exemplares insuficientes para se garantir hoje a existência de nigrigenis puros, sem contaminação genética do personatus.
E hoje isto pode estar a acontecer com muitos outros psitacídeos: Alexandrino, forpus, neophemas, etc..
E não me digam que o maior problema do híbrido é a sua fertilidade ou seja no caso dos híbridos serem estéreis que não há perigo. Eu até concordaria, se fosse verdade! E se vos dissesse que em Espanha e em Itália já se documentaram híbridos de pintassilgo x canário que são férteis! (Pensavam o contrário!) Quem vos garante que um determinado híbrido nunca será fértil?
Mas mesmo que pudessemos garantir que não haveria contaminação do património genético de uma espécie teríamos o direito ético de cruzar espécies diferentes?
É verdade que é uma cultura com séculos!
Mas já não vivemos nos séculos em que a ciência era orientada pelo desconhecimento, pela curiosidade e pelo acaso. Pois não?
Já me esquecia do “markos” e do caso em que o hibridismo acontece na natureza, como nas “Platycercus”. À natureza tudo deve ser permitido, a nós não!!!!!!

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