Leote,
Permite-me discordar. Não são coisas diferentes, na minha opinião, são antes complementares. Numa associação/ clube a função do veterinário é profiláctica, mas também na sua função de médico-veterinário em caso de doença das aves.
A forma de actuação é diferente nos dois casos. Complementar sim, também, mas a minha observação foi do ponto de vista técnico. Um apoio técnico implica coisas como seguimento continuado, monitorização de valores produtivos, indices, consumos de alimento, água. etc... Tratar uma ave doente implica uma aproximação MUITO diferente. Do ponto de vista técnico.
Quanto a fazer exposições e afins, são coisas no meu ver diferentes e actualmente estão mais "conformes". Mas coisas estranhas existem sempre.
Aqui revelo a minha ignorância... não percebi mesmo... No caso dos criadores o médico-veterinário não serve para tratar aves doentes?
Na verdade, em muitos casos a utilidade de um veterinário para tratar de uma ave de pequeno porte é nula, ou quase. Um ave como um exótico de pequeno porte adoece, mostra os primeiros sintomas e morre em 24-48hr. A capacidade de reacção, análise, diagnóstico e actuação é minima. Dai o acompanhamento ser mais relevante do que a função de tratamento. Ou seja o veterinário vai ser mais util para analisar a ave que MORREU, identifica a causa e evitar que outras adoeçam do que para a tratar.
Além de que a figura da "consulta" não funciona! ninguém vai pegar em 100 canários numa transportadora para ir a veterinário! É uma prática clinica completamente diferente e muito mais proxima da veterinário na produção do que da veterinária na clinica. É a isso que me refiro quando digo que é muito diferente para quem está dentro das coisas.
Além de que o abate sanitário somente pode ser decidido por entidade competente, o que não é o caso do criador...
O criador não pode, obviamente, matar uma ave (legislação de protecção aos animais de companhia). Mas, aqui estamos a ver as coisas ao contrário. Referi o abate sanitário (entre aspas) como principio técnico e não meramente legal. Não é necessário haver deliberação das autoridades para que seja feito um abate sanitário, essa é uma prática técnica que, por acaso, a lei também comtempla como medida profilática e que pode ser imposta pelas autoridades, mas é técnica, não meramente legal. Aliás, como informação, o principio completo é rastreio-isolamento-abate.
Mas aqui entram as associações/ clubes, que ao estabelecerem parcerias com as clínicas veterinárias, com a vertente que nos interessa, conseguem reduções entre os 10% e os 30%. Também nas localidades com Universidades, com o curso, as análises são gratuitas, desde que enquadradas numa política estrita da colaboração com a Universidade.
Não me parece tão simples e linear assim, mas é lógico que é uma das vantagens do associativismo! Se os custos baixarem melhor, mais fácil para os criadores recorrerem aos serviços. Mas não é por isso que passam a ser mais sensíveis ao porquê! Isso é um trabalho de educação e neste campo (experiência própria) é MUITO complicado mudar as mentalidades.
Acontece que a perspectiva do criador é: ave = 2,00 € - tratamento = 5,00 €: Resultado - mata-se a ave! Se muitos até lhes cortam as patas para aproveitar a anilha que vale uns míseros cêntimos... imagine-se o que farão quando essa diferença for maior...
O tratamento da ave não custa 5eur, nem pensar... custa cêntimos se for bem calculado!! Agora o acompanhamento veterinário é que pode custar mais que isso!!!! Uma situação prática, uma ave adoece, vai ao veterinário, paga consulta (sem análises) e é-lhe receitado um antibiótico de largo espectro (95% dos casos...). Compra um antibiótico ao veterinário (que trataria 200aves). O veterinário cobrou a consulta e vendeu o medicamento para tratar uma ave de 2eur. Faz sentido?
Aliás esta situação de custo é discutida do ponto de vista ético até sobre cães e gatos. Será lógico? Lembrem-se que não existe oferta "pública" nem qualquer participação nestes custos pelo estado. E não vamos recorrer de certeza aos veterinários das associações de direitos dos animais para tratar aves!
Eu concordo inteiramente que as associações/clubes coloquem este serviço à disposição dos associados. É uma vantagem sua! Também defendo como sabem que deve existir até uma obrigatoriedade dos criadores, para terem determinado nivel/licença em usarem este apoio veterinário (ou outro). Mas não faz sentido vulgarizar tanto a situação nem esperar que toda a gente com um canário doente vá a correr ao veterinário!!
Nem é necessário que sejam as federações a fazer esse serviço! Basta ver o exemplo da certificação de criadores nos EUA.
Cumprimentos,