Armando Moreira
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Doenças das aves e veterinários.

:D Olá a Todos!


Muito se fala sobre a competencia dos veterinários quando se trata de aves pequenas como canarios, mandarins, periquitos, bicos de lacre.

Um dos problemas é que o baixo valor monetário das aves em causa muitas vezes não compensa os euros que se gasta com uma consulta.

Existe algum clube onde um veterinário atenda em consulta e aconselhe os sócios sobre os problemas de saúde das aves, e informe sobre os riscos de lidar com aves enfermas, não sabendo nada sobre as doenças que as aves possam transmitir ao criador.

Eu não conheço mas pode haver em Portugal clubes que tenham este serviço para os sócios.

Agradeço as vossas informações e comentários sobre este tema.

Com amizade,

Armando Moreira :)
Leote Paixão
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Caro Armando,

Eis outra questão muito interessante e que deveria merecer a atenção de todos os nossos clubes e associações.

Diz o Armando (e muito bem):
Muito se fala sobre a competencia dos veterinários quando se trata de aves pequenas como canarios, mandarins, periquitos, bicos de lacre.
Efectivamente a esmagadora maioria dos médicos veterinários está mais vocacionado para o gado (veterinários municipais, p. e.), ou para os animais de estimação «clássicos»: cães, gatos e afins, que são os que dão algum dinheiro.

Mas infelizmente também é verdade que muitos criadores ( :?: ), preferem matar as aves de «pouco valor» a tratá-las. :evil: . O que nos levanta muitas questões... mas enfim passemos à frente!

É esta mentalidade tão «curiosa» que temos de transformar.

Por outro lado, pessoalmente não entendo como é que é sequer possível que os clubes existam sem ter médico veterinário! Isto leva-me a outra questão... então como é que cumprem a lei e fazem as suas actividades? Enfim... mais mistérios... ou razões que a própria razão desconhece...

Mas no limite ainda poderíamos entender associações/ clubes sem veterinário... mas e as federações? Não é? Ficamos sempre a pensar, que raio de ornitologia é esta que «trabalha» com seres vivos (leia-se aves) e não tem secções próprias para as tratar?

Imagine-se isto transferido para outros domínios da vida... era bonito... era.

Na associação de que faço parte, e penso que em muitas outras também, temos uma médica veterinária que connosco colabora.

Já agora, se quiser, dê uma espreitadela ao nosso website (passo a publicidade): http://aoa.no.sapo.pt

Cumprimentos,
L. Paixão
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AvilandiaPT
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Armando e Leote,

Realmente a questão é interessante e importante.
A meu ver temos que a separar em duas vertentes distintas: o veterinários como apoio técnico e o veterinário como médico em caso de doença. E isto para quem está dentro da coisa é MUITO diferente.
Já vi bons e maus exemplos de veterinários em relação a aves. Uma coisa é certa, com o tempo e a experiência as coisas melhoram.

A falta de veterinários especializados é lógica e começam a aparecer alguns com especialização em exóticos e aves, mas como é lógico ninguém se vai especializar em algo se não existe procura! E essa procura só agora começa a surgir.
Eu diria que o problema está mais nos criadores (e na mania de fazer assim porque alguém diz que é assim). Infelizmente a vasta maioria fala de não ter veterinários MAS se os tiver não os usa na mesma. Basta dar como exemplo que quando se recomenda a alguém gastar 50eur/ano numa simples análise para ver se tem algum problema, acham um desperdicio mas a seguir podem usar 2-3 antibióticos que lhe ficam tão ou mais caros.

Este uso dos veterinários tem que ser compreendido. No nosso caso, os veterinários não são usados para tratar aves doentes, não é a sua fução principal. Isso acontece com os papagaios ou periquitos de estimação, mas não com aves de reprodução. Aquilo que é necessário é um apoio médico-veterinário de continuidade para garantir que o nosso bando (efectivo ou plantel) está bem de saúde. E que nos sirva de apoio para aplicar certas medidas que evitem o aparecimento de problemas!
Não concordo com o Leote em relação a salvar todas as aves doentes, depende da situação e a escolha é simples, mesmo a nivel veterinário faz-se regularmente, e chama-se "abate sanitário". Significa que por vezes é preferivel sacrificar um animal a permitir que este possa constituir um foco de contágio. Alguns tratamentos simplesmente não se justificam por vários motivos. A preocupação é sempre com o bando e nunca com o individuo. No nosso caso a diferença estará apenas em exemplares de elevado valor genético ou reprodutivo. E isso não pode de forma alguma ser considerado como uma falta de respeito ou gosto pelas suas aves, simplesmente como uma ferramenta (de ultimo recurso) para protecção da maioria das outras aves. Isto envolve análises de rotina e especificas sempre que se desconfie de algum problema, mas exige também uma grande sensibilidade da parte dos veterinários que dificilmente se aprende nos livros e nas especializações, que surge de anos e anos a lidar com aves como criador.

Os clubes terem ou não veterinário não é obrigatório. Será que o tenham em algumas actividades. Seria bom que os tivessem? Sim, claro, mas novamente depende do que os sócios querem do clube e o que o clube quer oferecer aos sócios, nada mais.

Cumprimentos,
Ricardo M.
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Leote Paixão
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Caro Ricardo,

Dizes:
temos que a separar em duas vertentes distintas: o veterinários como apoio técnico e o veterinário como médico em caso de doença. E isto para quem está dentro da coisa é MUITO diferente.
Permite-me discordar. Não são coisas diferentes, na minha opinião, são antes complementares. Numa associação/ clube a função do veterinário é profiláctica, mas também na sua função de médico-veterinário em caso de doença das aves. Mais ainda, continuo sem perceber como é que se fazem exposições, feiras, concursos, campeonatos e afins sem a presença obrigatória de um médico-veterinário e sem o parecer favorável do veterinário municipal da localidade onde ela se realiza... (é o tal país do faz-de-conta!).

O trabalho importante é sensibilizar os criadores dessa necessidade, mas acabamos por fazer com as aves aquilo que fazemos connosco próprios: tomamos o medicamento do amigo, da família, do vizinho... e depois quando dá para o torto... vamos para a urgência.

Dizes ainda:
Basta dar como exemplo que quando se recomenda a alguém gastar 50eur/ano numa simples análise para ver se tem algum problema
Mas aqui entram as associações/ clubes, que ao estabelecerem parcerias com as clínicas veterinárias, com a vertente que nos interessa, conseguem reduções entre os 10% e os 30%. Também nas localidades com Universidades, com o curso, as análises são gratuitas, desde que enquadradas numa política estrita da colaboração com a Universidade.

Dizes também:
No nosso caso, os veterinários não são usados para tratar aves doentes, não é a sua fução principal. Isso acontece com os papagaios ou periquitos de estimação, mas não com aves de reprodução.
Aqui revelo a minha ignorância... não percebi mesmo... No caso dos criadores o médico-veterinário não serve para tratar aves doentes?

Dizes mais à frente:
Não concordo com o Leote em relação a salvar todas as aves doentes, depende da situação e a escolha é simples, mesmo a nivel veterinário faz-se regularmente, e chama-se "abate sanitário". Significa que por vezes é preferivel sacrificar um animal a permitir que este possa constituir um foco de contágio.
Ora eu não disse que temos de salvar TODAS as aves, temos é o dever humano de zelar por isso. As aves doentes isolam-se e tratam-se. Claro que «abate sanitário» se refere a situações excepcionais e claramente definidas e tipificadas em lei e não é, nem nunca foi, o caso com as nossas aves doentes. Além de que o abate sanitário somente pode ser decidido por entidade competente, o que não é o caso do criador...

Acontece que a perspectiva do criador é: ave = 2,00 € - tratamento = 5,00 €: Resultado - mata-se a ave! Se muitos até lhes cortam as patas para aproveitar a anilha que vale uns míseros cêntimos... imagine-se o que farão quando essa diferença for maior...

Temos que nos debruçar seriamente sobre estas realidades, pois cá chegará a moda das associações de defesa dos direitos dos animais e convém prevenir em vez de tentar depois remediar!

O que os associados querem das associações? Profissionalismo! Responsabilidade! Idoneidade! Apoio! Conhecimento! Formação... penso eu de que... :lol:

Cumprimentos,
Leote Paixão
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Apoio veterinário

Leote,
Permite-me discordar. Não são coisas diferentes, na minha opinião, são antes complementares. Numa associação/ clube a função do veterinário é profiláctica, mas também na sua função de médico-veterinário em caso de doença das aves.
A forma de actuação é diferente nos dois casos. Complementar sim, também, mas a minha observação foi do ponto de vista técnico. Um apoio técnico implica coisas como seguimento continuado, monitorização de valores produtivos, indices, consumos de alimento, água. etc... Tratar uma ave doente implica uma aproximação MUITO diferente. Do ponto de vista técnico.
Quanto a fazer exposições e afins, são coisas no meu ver diferentes e actualmente estão mais "conformes". Mas coisas estranhas existem sempre.
Aqui revelo a minha ignorância... não percebi mesmo... No caso dos criadores o médico-veterinário não serve para tratar aves doentes?
Na verdade, em muitos casos a utilidade de um veterinário para tratar de uma ave de pequeno porte é nula, ou quase. Um ave como um exótico de pequeno porte adoece, mostra os primeiros sintomas e morre em 24-48hr. A capacidade de reacção, análise, diagnóstico e actuação é minima. Dai o acompanhamento ser mais relevante do que a função de tratamento. Ou seja o veterinário vai ser mais util para analisar a ave que MORREU, identifica a causa e evitar que outras adoeçam do que para a tratar.
Além de que a figura da "consulta" não funciona! ninguém vai pegar em 100 canários numa transportadora para ir a veterinário! É uma prática clinica completamente diferente e muito mais proxima da veterinário na produção do que da veterinária na clinica. É a isso que me refiro quando digo que é muito diferente para quem está dentro das coisas.
Além de que o abate sanitário somente pode ser decidido por entidade competente, o que não é o caso do criador...
O criador não pode, obviamente, matar uma ave (legislação de protecção aos animais de companhia). Mas, aqui estamos a ver as coisas ao contrário. Referi o abate sanitário (entre aspas) como principio técnico e não meramente legal. Não é necessário haver deliberação das autoridades para que seja feito um abate sanitário, essa é uma prática técnica que, por acaso, a lei também comtempla como medida profilática e que pode ser imposta pelas autoridades, mas é técnica, não meramente legal. Aliás, como informação, o principio completo é rastreio-isolamento-abate.
Mas aqui entram as associações/ clubes, que ao estabelecerem parcerias com as clínicas veterinárias, com a vertente que nos interessa, conseguem reduções entre os 10% e os 30%. Também nas localidades com Universidades, com o curso, as análises são gratuitas, desde que enquadradas numa política estrita da colaboração com a Universidade.
Não me parece tão simples e linear assim, mas é lógico que é uma das vantagens do associativismo! Se os custos baixarem melhor, mais fácil para os criadores recorrerem aos serviços. Mas não é por isso que passam a ser mais sensíveis ao porquê! Isso é um trabalho de educação e neste campo (experiência própria) é MUITO complicado mudar as mentalidades.
Acontece que a perspectiva do criador é: ave = 2,00 € - tratamento = 5,00 €: Resultado - mata-se a ave! Se muitos até lhes cortam as patas para aproveitar a anilha que vale uns míseros cêntimos... imagine-se o que farão quando essa diferença for maior...
O tratamento da ave não custa 5eur, nem pensar... custa cêntimos se for bem calculado!! Agora o acompanhamento veterinário é que pode custar mais que isso!!!! Uma situação prática, uma ave adoece, vai ao veterinário, paga consulta (sem análises) e é-lhe receitado um antibiótico de largo espectro (95% dos casos...). Compra um antibiótico ao veterinário (que trataria 200aves). O veterinário cobrou a consulta e vendeu o medicamento para tratar uma ave de 2eur. Faz sentido?
Aliás esta situação de custo é discutida do ponto de vista ético até sobre cães e gatos. Será lógico? Lembrem-se que não existe oferta "pública" nem qualquer participação nestes custos pelo estado. E não vamos recorrer de certeza aos veterinários das associações de direitos dos animais para tratar aves!

Eu concordo inteiramente que as associações/clubes coloquem este serviço à disposição dos associados. É uma vantagem sua! Também defendo como sabem que deve existir até uma obrigatoriedade dos criadores, para terem determinado nivel/licença em usarem este apoio veterinário (ou outro). Mas não faz sentido vulgarizar tanto a situação nem esperar que toda a gente com um canário doente vá a correr ao veterinário!!
Nem é necessário que sejam as federações a fazer esse serviço! Basta ver o exemplo da certificação de criadores nos EUA.

Cumprimentos,
Ricardo M.
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