quarta, 02/jul/2008, 17:04
Ola e boa tarde a todos.
Um pouco em resposta ao anterior post, e percebendo o seu ponto de vista, gostaria de deixar aqui um extracto de um texto que publiquei noutro forum, com o nome "arca de noé".
"So hoje fui alertado para a "conversa" que se mantém neste forum, relativa à iniciativa de um abaixo assinado sobre a possibilidade de detenção e criação de aves domesticas de fenótipo selvagem.
Gostaria de vos dizer que depois de ler as intervenções neste forum chego à conclusão que estamos todos de acordo quanto ao essencial, senão corrijam-me:
-todos somos sensíveis relativamente à protecção da natureza
-todos gostamos particularmente de aves e pássaros
-todos sabemos que a captura é ilegal
-todos concordamos que deve continuar a ser (excepto para fins científicos, devidamente supervisionada pelo ICN e antecipadamente organizada)
Para alguns de nós, com fins desportivos, lúdicos ou de mero prazer pessoal nos gostaria:
-poder deter, criar e expor espécimes domésticos de espécies de aves de fauna autóctone comprovadamente nascidas e criadas em ambiente doméstico, possibilidade prevista na lei actual e paralela ao que acontece nos paises nossos parceiros da UE.
Assim, e segundo penso, o que é verdadeiramente importante é, com seriedade, chegarmos a uma verdadeira regulamentação do Dec. Lei actualmente em vigor, que garanta, na prática as premissas acima referidas, relativamente às quais estamos de acordo.
Devo dizer que assinei a petição. E assinei a petição por aquilo que ela é e não por quem a "promoveu".
A petição é um instrumento, pelo qual um grupo de pessoas expressa uma oipnião e um desejo, neste caso legítimo: ver regulamentado um decreto publicado.
No que me diz respeito, enquanto dirigente de associações cujos objectivos passam pela representação de criadores-amadores de aves de companhia, con fins desportivos e lúdicos, penso que esta regulamentação deve ser elaborada o quanto antes, mas de forma a ser efectiva na prática, ou seja de modo a que sejam "separadas as aguas": quem é sério, quem tem fins desportivos, quem sente o chamamento da criação, e tem respeito pela natureza e pelos habitats, estará definitivamente de um lado.
Quem visa o lucro pelo lucro, sem respeito pelo nosso "meio ambiente", e os "pilha ninhos" definitavamente do outro lado.
É esse o papel que, como dirigente associativo, tenho tentado fazer: expicitar que só se pode separar o "trigo do joio" quando for possível adquirir espécimes domésticos de fenótipo selvagem de espécies de aves de fauna europeia, poder regista-las junto da estrutura associativa em livros de modelo próprio, sujeitos à inspecção das autoridades de conservação, obter e criar os seus descendentes, fazer o seu registo e a a partir daí poder participar nos concursos e exposições com regras desportivas e técnicas, e observando o bem estar animal.
Nesse dia, os "pilha ninhos" verão o seu futuro ameaçado.
Aliás, a experiência do acontecido nos restantes países europeus leva-nos a concluir que, no momento em que for possível a detenção de espécimes "comprovadamente domésticos", o interesse em espécimes selvagens irá diminuir drasticamente senão desaparecer, dado que a "qualidade" em termos desportivos dos espécimes domésticos por um lado e a quantidade de espécimes disponiveis por outro, levará a que, também por este lado seja "não atractivo" o risco da captura.
Assim esperamos e desejamos que aconteça.
Em Portugal , os criadores e os ambientalistas/conservacionistas andam muito longe uns dos outros e isso tem de mudar.
Não posso admitir que quem passa horas no campo, a observar ou anilhar aves, quem tem interesse e empenho em fazer mapas de anilhagem, estatisticas e estudos sobre aves selvagens, e quem passa horas e horas no "viveiro" a mudar aguas e sementes, a dar papinhas e germinados, a criar aves à mão, e com palitadas às vezes a meio da noite, não posso admitir que estes dois tipos de pessoas não tenham em comum uma grande admiração pela natureza e pelos seres vivos, e não sejam afinal, todos, pessoas sensíveis ao mundo que as rodeia.
Em Itália, onde estive presente na ultima Assembleia da federação italiana de ornicultores (FOI), assisti inclusivamente à cerimõnia de fundação de um "Corpo de fiscalização ambiental" com o fim de fiscalizar e levar à justiça todos aqueles que na floresta ou no campo cometam atentados contra as aves selvagens e o seu habitat.
É esse o caminho que aqui devemos fazer, para bem de todos e principalmente de todas a aves: as selvagens e as domésticas.
Desculpem a intromissão e a extensão desta minha intervenção "
fim de citação
cumprimentos
Carlos Fernando Ramôa