Boas,
Bem, eu não tive muito tempo quando respondi na outra mensagem, por isso cá fica o resto.
Em parte concordo com o Miguel, tudo bem que não seria por apanhar um casal que acabava uma espécie, mas manter esse casal apenas por "gosto" sem intenção ou possibilidades de o reproduzir não vejo qual o sentido. Aliás isso aplica-se a tudo. Não percebo muito bem porque é que chateia um criador que tem um casal de papagaios (CITES B) sem papéis e que até se reproduzem mas não se faz nada com alguém que tem um papagaio alimentado à mão, com papéis, alimentado a 90%girassol e que nunca terá possibilidades de se reproduzir?! Afinal pelo menos um dos dois contribui para evitar mais capturas reproduzindo as aves ou não?
Mas isto leva-nos à questão mais complexa. O sistema francês de certificação é curioso em vários aspectos, mas também apenas existe segundo sei a partir de um certo número de aves. O sistema brasilero, por exemplo, leva isso mais longe, criando distinções entre criadores amadoristas, criadores comerciais, etc.
Isto parece-me lógico! Afinal se eu tenho um canário é uma coisa, se quero ter 30 casais deve ser outra. E se quero ter 1000 casais porque não? È uma actividade como outra qualquer produção animal, seja economicamente viável ou não. Mas não acho descabido que as autoridades se certifiquem que tenho condições para o fazer. Aliás existe alguma legislação nesse sentido, que inclui dimensões de alojamento, etc mas que normalmente fica na gaveta.
Não abordo se deverão receber formação ou não porque, na minha forma de ver, o simples facto de se querer criar aves implica que se procure aprender. Não deveria ser preciso alguém ser "obrigado a aprender". Mas vejo com naturalidade um sistema de fiscalização/acompanhamento por parte das autoridades. Muito se pode discutir sobre a forma, mas não duvidem que mais cedo ou mais tarde isso acontece.
Aliás vejam o exemplo de certificação de aviários que existe nos EUA e que é promovido pelos próprios criadores e associações. Cada vez mais ter um aviário certificado é visto como "uma garantia de qualidade" e numa altura em que a certificação é cada vez mais um factor importante isso parece-me lógico.
Da mesma forma que me parece lógico que as condições sejam diferentes consoante o nº de aves que se mantém. Qualquer pessoa tem um tipo de formação para conduzir um ligeiro e outra para conduzir pesados ou não? E não tem que aprender regras para isso?
O que não concordo é que, pela legislação actual, quem queira cumprir tudo acabe por ser obrigado a quase o mesmo que um aviário industrial. O que significa que não é permitido o pequeno criador, nem o médio, apenas o "enorme", e isso deixa de fora uns 99%.
Os criadores não têm aves suficientes porque o mercado de captura ainda existe. Podemos discutir isto na visão da simples oferta-procura ou na visão do que temos actualmente.
O que se passa actualmente é que não temos criadores de MUITA coisa pelo simples facto que até recentemente não valia a pena criar MUITA coisa porque era importada. Por isso apenas meia dúzia de carolas o fazia. Resultado? Quem criava criava pouco, quem queria comprar não valorizava esse trabalho e comparava aves importadas muito mais baratas. De repente a importação fechou e agora temos um fenómeno engraçado, muitas dessas aves estão a subir de preço, porque quem as tem continua a criar pouco, e cada vez mas gente as quer (porque estão mais caras). Isto está a acontecer com praticamente todas as espécies africanas, algumas asiáticas. Se olharmos para exóticos e psitacídeos, as espécies australianas são as mais comuns. Também são as que não foram importadas à mais tempo!!!
Ou seja, os criadores tiveram tempo para equilibrar oferta e procura.
O mesmo está a acontecer com a fauna europeia, em que os preços tinham vindo a baixar, mas com o surgimento de novas mutações nos ultimos anos a procura aumentou bastante, elevando novamente o preço!
Na minha opinião, os criadores vão sempre criar o que o mercado quiser e na quantidade que conseguirem, quem vai acertar isso serão os mercados e os preços, não os criadores.
No caso da fauna europeia, sem dúvida que no inicio não será possivel abastecer toda a gente, mas com o tempo isso acontece. Vejam o que se passou com cardinalitos nos ultimos 3 anos?
O que vai implicar o preço subir e as pessoas não poderem comprar e recorrerem ás capturas, e entretanto como os capturadores não são parvos, vão aumentar-lhes o preço o que tornará as capturas ainda mais aliciantes. Ou não?
Sim, mas isso não perdura sempre! E é ai que tem que haver a parte das autoridades em tornar as capturas mais dificeis ou não? É que essa parte preocupa-me pois tudo isto apenas funciona se as capturas diminuirem. Mas mesmo assim, se quem compra aves capturadas as usar para criar, mais cedo ou mais tarde estas entram no circuito legal. E não nos vamos esquecer que para isso poder expôr ajuda!!
Claro que vai sempre haver chicos-espertos e trafulhas, mas esses já os temos hoje.
Nos EUA, os preços dos exoticos africanos sempre foram altos porque não importam à vários anos. Quando estive com um criador americano que me visitou em 2000 um canario de moçambique custava em Portugal 2eur num importador. Nos EUA custava 200USD...
Um casal de degolados anda nos 300USD e pelo que se sabe existem umas poucas dezenas de criadores com produções estáveis, etc, etc. Por cá ainda não perdemos a noção dos preços baixos nestas aves.
Mas vamos pelo mesmo caminho!
Eu sempre achei que a questão preço é relativa e depende apenas de quem compra estar disposto a pagar X e quem vende estar disposto a receber X. Ponto final.
Resumindo:
1- Legalização das capturas - vejo muito dificil no nosso pais sem meios de controlo eficazes (que não temos!)
2- Legalização da criação - já devia estar resolvido
3- Certificação de criadores - por mim tudo bem, quem pode pode, quem não pode ter 100 tem 10
4- Preços - para começar, quem não tem dinheiro não tem vicios (infelizmente é assim, para todos nós), segundo, todos os mercados se regulam e quanto mais se mexe pior.
Cumprimentos,