Olá a todos,
Bem, já lá vão uns meses de fórum e só agora aparece o eterno debate sobre as federações e estado actual das instituções ornitológicas...
Não está mal, mostra no minimo que pelo menos algumas pessoas ainda se interessam mais com passarinhos que com politicas, e ainda bem!
De qualquer forma, aqui fica um opinião e alguns esclarecimentos adicionais.
Para se perceber a história, importa esclarecer algumas coisas. E usando as siglas que o Luis indicoum aqui fica.
- A COM é um organismo/associação mundial que se a memória não me falha inclui 37/38 paises. De cada um desses paises, admite filição de UMA e UMA SÓ entidade, como representantes ornitológica desse pais. NÃO É A AUTORIDADE MÁXIMA a nivel mundial de ornitologia nem nada que se pareça. É uma associação internacional sim, com o mérito, reconhecimento e representatividade que lhe são devidos, mas existem dezenas de outras entidades de âmbito mundial, em moldes semelhantes ou não.
- De qualquer forma, Portugal é um dos paises membros da COM e por isso participa nos seus eventos, segue as suas regras e indicações, etc, etc... Isto não obriga a que todos tenhamos que o fazer, ao estarmos inseridos nesse sistema/hierarquia implica que aceitamos essa forma de funcionamento. Por vezes acho que algumas pessoas subvertem esta ordem natural das coisas!
- Como a COM apenas aceita um representante nacional por pais, em cada pais existe um associação que assume a filiação na COM e através da qual são mantidas as relações ornitológicas entre esse pais e a COM.
- Em Portugal quase desde sempre existiram duas federações. A FOSIP e a FONP, anteriomente designadas por Associações, depois por federações. Antes destas por algum tempo a AAP assumiu essa função como o Luis poderá explicar mais detalhadamente. A existência de mais do que uma federação não é exclusiva de Portugal, embora no nosso caso se deva a uma eterna e incompreensivel "guerra" norte-sul...
- A par destas Federações (e em parte anterior a isto) existe o CPJO, que incluia todos os juizes nacionais de ornitofilia e aspirantes a juiz. Este organismo sempre teve gestão autónoma e independente.
- Devido a divisões (novamente norte-sul) no CPJO, foi criado um movimento de separação do CPJO que levantou um processo de exclusão de um grupo de juizes que pretendeu sair deste organismo para constituir, dentro da FONP um outro colégio de juizes. Algumas pessoas levantaram forte oposição à ideia de existir um colégio de juizes associado a uma federação e declararam esses juizes (alguns internacionais) como "excluidos", alargando esse estatuto a todos os criadores FONP e excluindo da COM-P a propria FONP.
- Estando fora da COM-P os criadores FONP estariam fora da COM e, portanto, impedidos de participar nos eventos deste entidade, incluindo o campeonato mundial COM. Esta disputa foi longa (cerca de um ano) e só terminou com intervenção directa da COM (mais que tardia diga-se de passagem...). Daqui foi decidido/interpretado que as federações tinham se o entendessem direito aos seus colégios de juizes e que o CPJO ficaria na mesma forma independente.
- Como parte das hostilidades, ambas as federações abandonam o "pacto regional" que dividia a área geográfica de cada uma e se tornam nacionais. Mudando as respectivas designação para FONP - Federação Ornitológica Nacional Portuguesa e FPO - Federação Portuguesa de Ornitologia.
- A normal alternância dos campeonatos nacionais entre organizações de clubes de ambas as federações também é abandonada quando é decidido que os criadores FONP não podem participar num nacional organizado pela FOSIP. Em resposta, a FONP organiza um campeonato nacional simultâneo e paralelo. (situação que se manteve durante dois anos!!!)
- Não fazendo juizos sobre se foi bem ou mal seguida a decisão da COM, "dada razão" à pretensão da FONP de ter o seu Colégio de Juizes interno (actual CNJ), os mesmos que se haviam oposto a essa ideia, decidem então iniciar o mesmo processo dentro da então FOSIP (actual FPO), formando o seu colégio federativo (actual CJO).
- Nesta situação, os juizes que optam por permanecer no CPJO, são forçados e pressionados a aceitar pertencer a um dos novos colégios, sendo considerados "inaptos" sem legitimidade para realizar julgamentos. Esta situação culmina com a recusa de julgamento no nacional do Cartaxo
- Dada a falta de juizes em ambos os colégios, assiste-se a um processo de recruta e formação "instantânea" tanto de aspirantes como juizes. Partindo do grupo de juizes que permanecem no CPJO, entendendo que esta entidade deve manter a sua independência e de um grupo de clubes da FPO é tentada uma alteração dos estatutos da FPO numa Assembleia Geral, que é considerada " um golpe de estado".
- Depois de confirmada a impossibilidade de mudança das coisas, um grupo de clubes abandona a FPO e em conjunto com clubes recém formados (BOP, NOP, e CPE) constituem a FOCIP. A esta federação aderem alguns outros clubes nacionais.
- Dada os rumores e evidência de formação de uma 3ª federação, FONP e FPO, em "pacto de governo" criam critérios de adesão restritivos para admissão de novas federações à COM-P impedindo e retardando a adesão da FOCIP. (o processo pode ser seguido cronologicamente na página da focip).
- De entre as exigências contam-se a existência de 10 clubes e 1000 sócios, sendo que, curiosamente, clubes que anteriormente sempre pretenceram à FPO passam agora a ser considerados "ilegais" ou "inexistentes" para feitos desta contagem
- Durante este tempo, é realizada uma campanha constante e continua junto dos clubes e criadores da FOCIP, considerando as anilhas da FOCIP "ilegais", e os seus criadores como "inexistentes", sendo publicitado e afirmado publicamente, antes de concluido o processo de adesão que a FOCIP nunca seria aceite na COM-P. Entretanto um dos clubes membro abandona a FOCIP e integra a FONP.
- A FOCIP considerando ter cumprido as exigências para adesão à COM-P, e alegando má-fé na condução do processo de adesão, recorre à intervenção da COM, ao abrigo dos estatutos desta, solicitando a admissão directa excepcional pelo periodo de 1 ano, de forma a garantir os direitos dos seus criadores de participarem em competições internacionais.
- A COM reconhece a admissão da FOCIP ao abrigo dos estatutos. Como resultado, os criadores da FOCIP participam na Exposição Internacional de Barcelos em Novembro de 2006.
- FONP e FPO, recusam a participação de criadores da FOCIP no Nacional de Leiria, limitando as inscrições a anilhas FONP e FPO, embora, estranhamente, alguns criadores sejam autorizados a participar com anilhas FOCIP, depois de filiados em clubes FPO/FONP...
- FOCIP organiza, um campeonato aberto a todos os criadores nacionais, FOCIP, FONP ou FPO, em data diferente do "nacional" de Leiria.
Basicamente, para quem está a leste, esta foi a história da coisa.
Para que não restem dúvidas, e apesar de me ter limitado a recordar o desenrolar das coisas nos ultimos 3-4 anos com pouco da minha opinião pessoal!
- Sou desde 2002 membro do CPJO;
- sou sócio de clubes em todas as 3 federações;
- fundador do CPE
- fundador da FOCIP
- membro da direcção da FOCIP.
Já fui também membro da direcção da FOSIP (actual FPO), e secretário geral da COM-P, cargo que aliás desempenhava quando se deu a separação do CPJO e tentativa de expulsão/erradicação de alguns juizes OMJ, à qual sempre me opus, por entender que em NADA beneficiava Portugal no plano ornitológico.
Nunca concordei com a formação de vários colégios embora sempre tenha admitido reconhecer o direito de outros a fazê-lo.
Nunca achei que fizesse qualquer sentido termos mais do que uma federação.
Nunca achei que fizesse qualquer sentido mantermos uma COM-P para efeitos unicamente estatutários, sem qualquer funcionalidade ou fundamento/produtividade prática.
Sempre fui critico a postura/actuação do próprio CPJO e de várias institutições ornitológicas nacionais.
A partir daqui, que cada um faça a sua interpretação e comente ou acrescente o que entender ser mais correcto.
Cumprimentos,